terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Jornal de Santa Catarina faz review do I Am… Sasha Fierce



Superioridade femininaBeyoncé volta ao mercado com álbum duplo (e um alter ego), investindo em romantismo e no batidão das pistas.
São poucas as cantoras que podem se dar ao luxo de vender milhões de discos nos dias de hoje. Contrariando a crise permanente da indústria fonográfica, Beyoncé sempre figura no primeiro lugar das paradas, apesar da competição feroz da black music, o gênero de origem, e da pouca idade, meros 27 anos. Agora, a cantora, ex-integrante do trio Destiny’s Child, lança o terceiro álbum solo.
Em I Am… Sasha Fierce (algo como Eu Sou… Sasha Feroz), Beyoncé fragmenta a personalidade em CD duplo com 12 faixas ao todo (a versão deluxe tem mais quatro faixas, duas em cada disco). No primeiro, I Am…, estão as baladas emocionadas e extravagâncias vocais da texana. Já em Sasha Fierce, o alter ego dançante assume os vocais, trazendo hits que prometem bombar nas pistas. Na versão especial de B’Day (2006), o álbum anterior, a tal Sasha havia dado as caras na versão “espanglês” de Beautiful Liar, cantada originalmente com a colombiana Shakira.
– Tenho outra personalidade, que toma conta de mim na hora de trabalhar, de entrar nos palcos. Esse alter ego protege quem realmente sou – explica a cantora.
A jogada promocional teve início com os dois singles simultâneos lançados para promover o trabalho: a chorosa If I Were a Boy e a rebolativa Single Ladies (Put a Ring on It). A temática do álbum segue o esquema feminista explorado pela musa em seus trabalhos anteriores.
– Do ponto de vista das letras, é o melhor disco que já fiz. Se alguma canção não significasse nada para mim, não a colocaria no CD – conta.
Em I Am…, ela dá voz, por meio de timbres fortes e refrões grudentos, às mulheres desvalorizadas pelos parceiros. Do outro lado, Sasha Fierce entoa a superioridade feminina.
Conquista
Desta vez, diferentemente dos álbuns anteriores, Beyoncé dispensou colaborações, inclusive a do marido, Jay-Z, um dos reis do hip hop norte-americano. E a felicidade conjugal não dá motivo para ela esquecer seu papel aqui. Em Diva, afirma, com batidão de primeira, que uma diva é versão feminina de um trapaceiro. Em Ego, mistura sensualidade com ironia ao criticar o parceiro (“É muito grande, muito forte, não cabe… Ele tem um ego enorme”). Mesmo com atitude pedante, mostra-se romântica em Smash Into You e Halo.
I Am… Sasha Fierce não reproduz o sucesso de Beyoncé em Dangerously in Love (2003) e B’Day. De alguma forma, avaliando o histórico da musa, isso pode ser considerado uma conquista, já que ela parece se afastar do sucesso descartável de rádios e MTVs e mostra uma faceta mais pessoal. Na sonoridade, mais serena, a cantora parece não apelar para solos ensurdecedores e egocêntricos para conquistar os fãs e possíveis novos admiradores. E aí está o maior crescimento de Beyoncé. Nossos ouvidos agradecem.

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